quarta-feira, 12 de março de 2014

11º Capítulo de Angel

Olá,

Meus lindos leitores da tia Nabells hoje vou postar apenas um capítulo afinal já adiantei bastante ontem para vocês e mesmo porque estou exausta, faculdade e trabalho não é fácil, mas não deixei vocês na mão hoje, vou deixar vocês com 11º capítulo da fanfic Angel. Fiquem com os anjos...rsrsrs bjs..
 
 

11º Capítulo

 
 

21 anos antes

 
Patch estava em uma enorme sala arredondada, de aspecto semelhante às salas de Parlamento dos humanos. As paredes eram feitas de pedra e o teto era tão alto que um humano normal não conseguiria ver o seu fim. Janelas eram escassas o que conferia uma luminosidade fraca à enorme sala.

Os Conselheiros se sentavam nas secretárias niveladas e unificadas que faziam lembrar as bancadas dos estádios das Universidades, vestidos com seus mantos negros com um chapéu que cobria seus rostos.
Na bancada central, bem no centro, um Conselheiro se destacava entre os outros. Era o Porta-voz.

–Essas serão as vossas novas listas. – Falou ao tempo que os Guardiões entregavam aos Anjos da Morte novas listas para eles. -Estamos bastante satisfeitos com todos vocês e queremos parabenizar os cinco Anjos que mais almas trouxeram com sucesso para o Purgatório e impediram os demônios de tomar posse. Rixon, Louis, Patch, Marie e Donna.

Patch recebeu congratulações de seus colegas e se sentiu contente por isso, mas estava mais focado em ler a sua lista. Ela era extensa e isso lhe agradava. Mas algo lhe chamou a atenção. Um nome, escrito a vermelho e sublinhado, sem uma data para morrer.

O Anjo estranhou. Nunca havia visto um nome escrito em outra cor que não o preto e muito menos sublinhado. Menos ainda sem uma data específica para a sua morte.

–Ei, parceiro, vamos festejar? Donna e Marie nos chamaram para sair. – Rixon o cumprimentou, passando seus braços pelos ombros do amigo e dando leves palmadas no seu ombro.

–Não entendo qual o vosso gosto de se misturar com os humanos. – Patch estreitou os olhos inconformado.

–Eu te explico. Tem o gosto de mostrar para os alfacinha dos Anjinhos da Guarda que nós podemos fazer tudo o que eles não podem! – Rixon falou animado.

–Céus, quando essa rixa entre os Anjos da Morte e os Anjos da Guarda vai terminar? Cada trabalho tem suas vantagens e desvantagens. Não precisamos esfregar isso na cara uns dos outros. – Patch tentou argumentar.

–Precisamos! E chega de sermão e vem logo!

–Patch! – A voz de um dos Conselheiros soou.

–E, vou indo, acho que querem um particular com você. Depois aparece lá! – Rixon insistiu se afastando do amigo.

–Chamou, Meritíssimo. – Patch se aproximou, se colocando sobre um joelho no chão e com uma mão no peito.

–Chamamos. Você já viu sua lista?

–Já sim. – Ele assentiu.

–E não notou nada de diferente.

–Era mesmo sobre isso que eu queria pedir um esclarecimento. Tem aqui uma tal de… - Patch tirou a lista do bolso e buscou pelo nome. –Nora Grey.

–Certo. Patch você sabe que é um dos melhores, senão o melhor, Anjo do nosso “departamento”. – O Conselheiro fez aspas com as mãos. –Além de ser um dos mais fieis. Foi por todas essas qualidades que nós escolhemos você para ser o encarregado de levar a alma dessa moça. Nora Grey é uma peça muito importante e se cair nas mãos erradas, temo que se possa tornar perigosa para a nossa existência.
E quando eu falo da nossa existência, não estou apenas me cingindo a nós, ceifadores, mas a todos os Anjos.

Patch se surpreende com a importância dessa humana e mais se surpreende ao escutar a história que ela carrega. A do Tesouro. Algo que transcende em séculos e que pode ser uma tragédia se não for parada a tempo.

–Nora Grey tem de ser morta o quanto antes! Nossa Salvação depende disso! – Patch fala com convicção e orgulho por ser o escolhido para esse trabalho. -Será uma honra completar esse serviço, Meritíssimo. – Patch faz uma vênia.

–Ficamos satisfeitos com o seu entusiasmo. Mas temos de lhe avisar que outros irão tentar pegá-la antes de você.

–Peço então permissão para usar o meu “manto” para manter seu paradeiro oculto.

–Permissão concedida.

–Acho melhor eu partir agora mesmo então, quanto antes melhor... – Patch afirma já se preparando para sua missão.

–Você está certo, Nora Grey nascerá hoje, em algumas horas, é uma boa oportunidade, quanto antes você conseguir levar a alma dela, melhor!

Patch assente ainda um pouco surpreso com o poder que essa humana parece ter, sendo que ela ainda nem nasceu. Mas satisfeito por ter recebido uma missão tão importante ele pede licença ao conselheiro e então parte imediatamente.

Sempre de perto ele acompanha tudo até chegada a hora do nascimento da menina... Patch está ali, bem ao lado pronto para levar para o Purgatório a alma da pequena que acabou de nascer, mas ao se aproximar mais dela e ficar em sua frente ele para! Tudo parece mudar quando ele encara os olhos do bebê recém-nascido.

Patch sabe que precisa matar a menina, mas não consegue! É maior que ele, maior que sua necessidade de cumprir sua missão... Ele se desespera e fica confuso quando percebe que não consegue matá-la, por mais que tente e que saiba o quão necessário é a morte dela Patch não consegue nem se mover enquanto encara a bebê em sua frente!

Desnorteado ele desaparece dali tentando entender o que aconteceu, mas quanto mais pensa, mais dúvidas surgem, ele simplesmente não consegue sequer pensar em matar a menina.

Ainda completamente confuso e abalado Patch tenta se acalmar e decide continuar com seu trabalho, tem muitas outras almas para levar ao Purgatório, e depois quando esse estranho abalo sumir ele voltará para Nora e cumprirá sua missão, enquanto isso ele decide mantê-la protegida de todos caídos, demônios e Nefilins, ocultando-a com seu “manto”.


Anos depois

Patch tinha acabado de cumprir mais uma missão levando mais uma alma ao Purgatório e está satisfeito quando escuta alguns “parceiros de trabalho” tendo uma conversa que o chama atenção quando nomes que ele conhece muito bem são citados...

Os Ceifadores estavam falando sobre duas almas que levariam em um acidente hoje e Patch se surpreende ao notar que eram o pai e a irmã de Nora Gray, até hoje, anos depois de ter a missão de matar a menina ele não conseguiu cumpri-la e isso o incomoda profundamente, nunca ele tinha demorado tanto em cumprir algo, mas por mais que tentasse até hoje simplesmente não tinha conseguido matá-la, mas agora ele vê uma nova oportunidade...

–Eu estava ouvindo a conversa de vocês... – Patch se aproxima dos outros ceifadores que o olham curiosamente, ele nem se abala por confessar que estava prestando atenção na conversa alheia e continua. -Tenho uma proposta para fazer a vocês.

–E qual seria Patch? – um deles toma a frente e ele sorri.

–Eu tenho interesse direto nessas duas almas que vocês vão levar hoje, ou melhor, em alguém ligado a eles... Então eu fico com essas duas almas e dou em dobro a vocês. – ele sugere e os ceifadores sorriem animados com a proposta e aceitam para deleite de Patch que agora vê mais uma oportunidade de finalmente matar Nora Grey e ele não pretende falhar dessa vez.

Com tudo acertado na hora do acidente Patch está por perto e acompanha todos os acontecimentos, então leva as almas do pai e irmã de Nora ao Purgatório, mas quando volta para pegar a dela ele vê a mãe de Nora desesperada gritando para que salvem sua filhinha.

Patch observa a menina presa dentro do carro e prestes a morrer pensando como nada pode salvá-la por mais que a mãe implore, ele sabe que sua missão ali é exatamente matá-la, mas então ao olhá-la intensamente ele sente a mesma confusão que lhe dominou no dia do nascimento dela... A mesma necessidade absurda de protegê-la e salvá-la.

E é exatamente isso que ele faz. Patch a socorre de imediato, partindo com facilidade os materiais deformados do carro que impediam que a menina se mexesse.
Nora estava muito ferida, sua perna presa entre a porta traseira e o banco, mas Patch consegue retirar tudo com cuidado e habilidade.
Pega o pequeno corpinho da criança, sentindo uma enorme vontade de pegar para si todas as suas feridas e toda a sua dor, mas ao tê-la ali tão perto de si, ele sabe que é questão de tempo para que ela morra em seus braços. E o espetro da sua alma querendo abandonar o corpo é prova disso.

Desesperado, o anjo da morte a carrega apressado até perto da mãe e a larga no colo dela.
A mulher, mais preocupada com a filha, nem repara quando Patch desaparece bem ali na sua frente.
Ao chegar no seu canto habitual, onde ele descansava ou passava o tempo quando não tinha nada para fazer, Patch encontra Rixon o esperando. Pela cara do amigo, ele pode ver que esteve observando tudo.

–O que você está fazendo, Patch?

–Eu não sei, eu não sei. – O moreno nega com veemência e certo desespero.

–Você sabe que é errado salvar ela. Você não é nenhum anjinho bonzinho da guarda! É totalmente o oposto! Você tem o dever de matar Nora Grey! – Rixon se exalta para o bem do amigo.

–Caramba! Eu sei! – Patch grita de volta furioso consigo mesmo.

–Patch…Nossa vida depende disso. Se é que podemos chamar nossa existência de vida. Se ela não morrer…se ela for achada e cair nas mãos erradas…pode despoletar uma rebelião. – Rixon tentava colocar aquilo que Patch precisava escutar para deixar suas fraquezas de lado e matar a garota.

–Enquanto ela tiver o meu manto ninguém a acha! – Patch afirmou convito. -Eu só…só preciso de mais um tempo. – Pediu e Rixon se sentou do lado do amigo, o abraçando de lado, como que lhe dando o seu apoio.


Mais meia dúzia de anos se passaram sem que Patch conseguisse realmente sequer tentar se aproximar da menina, mas ele sempre a tinha debaixo do olho.
Estava em mais uma de suas “vigílias” quando Rixon se aproxima com um largo sorriso no rosto.

–Tenho uma boa notícia para você.

–E qual seria ela? – Patch fala descrente.

A sensação de falhar o tem botado para baixo. Ele nunca foi fraco, nunca foi de errar um compromisso e muito menos de ter piedade. Então porque com aquela garota tudo isso parecia tão normal?

–Adivinhe quem eu tenho aqui na minha lista para levar alma?

–Sou um Ceifador e não um bruxo. – Patch continuou focado em Nora, do seu posto.

–Blythe Grey. – Ao escutar aquele nome Patch ergue de imediato o rosto e encara o amigo. -Você tem aqui de novo uma chance lhe batendo na porta, Patch. Por nossa amizade eu te cedo essa alma e você acaba de uma vez com aquela pirralha!

Patch fica em silêncio uns tempos. Sabia que mais cedo ou mais tarde a mãe de Nora não iria aguentar. Assistia o dia-a-dia da garota e sabia o quanto a mãe desta estava depressiva. Ver as lágrimas da menina o deixavam de rastos, mas ele poderia acabar com o sofrimento de ambas de uma vez.

–Obrigado. – Patch agradece.


Durante dias, até à data do suicido, Patch repete para si mesmo, como um mantra, que ele vai finalmente conseguir matar Nora. Tem a observado continuamente desde o acidente de propósito, para se habituar à sua presença para diminuir a vontade de a salvar toda a vez que ele a quer matar.


O grande dia chega e Patch acompanha de perto todo o percurso das duas humanas cujas almas levará dentro em breve.
Blythe está no cimo do parapeito, de costas para Nora, que tenta convencê-la a descer dali.
O sofrimento e desespero da garota o abala, mas ele repete mentalmente que ela tem de morrer.
Nesse meio tempo em que ele repete para si esse mantra, Blythe desiste da sua vida e se atira do topo do prédio. Nora, querendo salvar sua mãe, corre até o parapeito e se inclina para a frente, tentando alcançar a mãe, mas ela já estava fora do seu alcance.

Patch a chama de burra heróica, mas ao ver a rapidez com que ela se inclinou e se desequilibrou do parapeito, Patch tenta alcançá-la antes que ela caia.
Seu coração se acalma ao ver que a menina se conseguiu agarrar e depois de a puxar e a colocar em segurança, Patch some enfurecido.

Ao chegar de novo no seu “quarto” Patch começa destruindo tudo o que vê na sua frente. A raiva por ter falhado mais uma vez toma conta de si, o deixando cego, o que o faz não perceber de outra presença ali.
Quando pára de derrubar as coisas, Patch por fim olha sobre o ombro e encara um dos Guardiões.

E pensar que um dia ele sonhou chegar naquele posto e continuar a subir sempre até ser um dos Conselheiros. Com essa missão falha, todos os seus projetos caiam por terra.
O Guardião o acompanhou até a sala dos Conselheiros.
Frente a frente a eles, Patch se sentiu rebaixado. Ele falhara, malditamente ele falhara. Todo o seu ego caia em queda livre lá do alto ao tempo que escutava o porta-voz dos Conselheiros o repreendendo e afirmando que o vigiavam desde o primeiro momento em que ele não conseguira matar a bebê.

Patch não sabe o que dizer. Sabe que estão certos e que ele está errado. Mas o Conselho é imparcial e ameaça entregar o “serviço” a outro mais qualificado.
Patch se alerta e pede uma nova oportunidade. Fala que agora ele conseguirá fazer o serviço e que logo ela estará morta. O Conselho assente e Patch junta as suas coisas e se muda de vez para a Terra, para junto do seu amigo, Rixon.

Patch resolve tratar primeiro de todos os seus assuntos pendentes e de todas as almas que ele tem de levar para depois se dedicar a 100% a Nora.
Lentamente ele se aproxima da menina mulher e observa de perto cada passo seu.
O homem em si não deixa de notar o quanto ela cresceu e está bonita, mas Patch se pune por pensar assim.
Para se abstrair ele vive a vida do amigo. Noitadas, mulheres, bebidas…

Mas uma noite em que um humano tenta raptá-la para a estuprar, Patch percebe que ela é ainda mais frágil do que ele podia imaginar e que ela corre mais perigo se ele não a estiver sempre a proteger.
Sua decisão final é a mais arriscada, mas a mais acertada também.

Patch se aproxima de verdade de Nora, convivendo – se assim se poderia dizer – com ela e desde então tem vivido numa luta interna contra si mesmo para conseguir levar a alma dela e parar de a salvar.
E é nesse tempo, tão próximo dela, que ele percebe por fim os seus sentimentos. Algo que ele raramente escutou acontecer entre os filhos do Criador.

Mesmo sem querer admitir ou realmente acreditar, a verdade está em sua frente e Patch não tem mais como negar... Ele se apaixonou pela humana, por mais impossível que isso possa parecer, todo esse tempo tão perto de Nora, e com a louca necessidade de protegê-la quando deveria matá-la, ele acabou se apaixonando por ela... E isso fica bem óbvio a cada vez que ele se vê perto dela, fica óbvio quando ele não se controla e a beija, e quando sente algo por dentro se aquecer toda vez que a chama de “Anjo”.

Constatar isso deixa Patch desesperado e ao mesmo tempo furioso então agindo por impulso ele procura o Conselho e toma a difícil decisão de abandonar o caso de Nora e passar o “serviço” para outros Ceifadores...

–Na verdade esperávamos por isso... – um dos Conselheiros o olha decepcionado quando ele faz o pedido.

–Eu lamento muito, mas não fui capaz, nem serei, de matá-la e não posso mais nos prejudicar. – Patch sussurra tentando não pensar que ao fazer isso está entregando a outros a missão de matar Nora, outros que ao contrário dele farão isso rapidamente, pensar que ela será morta e saber que não poderá fazer nada o deixa angustiado.

–Você está desistindo de Nora Grey. – o Conselheiro diz e Patch assente. -Então que fique bem claro que a partir desse momento ela não estará mais sendo protegida por seu manto.

Patch assente tentando não demonstrar o quanto isso o aflige.
Depois de alguns instantes de silêncio o Conselheiro manda ele se retirar dizendo que imediatamente outro Ceifador receberá a missão e Patch desaparece rapidamente dali.

Alguns dias se passam, e Patch se mantêm afastado de Nora por mais diíicil que seja...

–Patch... – Rixon aparece ao seu lado o despertando de seus mais profundos pensamentos, todos relacionados a Nora.

–O que foi Rixon? – Patch o olha sem interesse.

–Os demônios a acharam... – Rixon diz simplesmente e Patch se ergue, o corpo todo tenso por saber exatamente de quem o amigo está falando.

–E...

–Eu os mantive longe... – Rixon o interrompe vendo o desespero na expressão dele. -E nem deveria estar te contando isso, mas ela está correndo perigo, e dos grandes.

Patch resmunga tentando pensar com clareza, mas quando se da conta já está a caminho do apartamento de Nora pronto para mais uma vez salvá-la.

Rixon observa o amigo sumir tendo a certeza de que Patch se envolveu mais do que deveria com a humana e sabendo que isso não é nada bom!

Por mais que saiba que não deveria estar fazendo isso Patch não consegue mais se controlar, tentou evitar sentir o que sente por ela, tentou se afastar e tirar aquele sentimento tão humano de dentro dele, mas não suporta mais ficar parado enquanto ela corre perigo e está disposto a tudo para ajudá-la, mesmo que precise revelar algumas coisas para ela... Ele precisa manter Nora a salvo, mesmo que isso acabe com ele!





terça-feira, 11 de março de 2014

Sinceros pedidos de desculpas e 6 capítulos e um trecho extra da fanfic Angel.

Caros leitores do blog venho pedir meus sinceros pedidos de desculpas por ter cessado com as postagens, passei por problemas na minha vida pessoal, estou em tratamento para uma doença que já desconfiava que tinha, sua autora sofre de transtorno bipolar, depressão e fobia social, pesado não... sem mencionar dos meus problemas de saúde, mas enfim é apenas uma fase. Para compensar meu abandono com o blog venho postar 6 capítulos da fanfic Angel e um trecho do capítulo da próxima postagem. Fiquem com Patch e Nora e sua narradora maluquinha. brinks, beijos e fiquem com Deus e com os anjos.
 
 

5º Capítulo

 
 
 
–Nora, Nora! – Vee chama a amiga, tentando arranjar espaço entre a multidão para chegar até ela.

–Vee! – Nora alcança a amiga, a abraçando um pouco assustada com a situação.

–O que aconteceu? Você está bem? – Vee olha a amiga de alto a baixo, preocupada.

–Nossa, hoje o azar te persegue, amiga. Dois acidentes seguidos? Se eu acreditasse em bruxas diria que jogaram olho gordo em você. – Vee tagarela quando não obteve resposta de Nora, que continuava abobalhada olhando para a viga caída.

Se aquela viga a tivesse acertado ela seria uma mulher morta.
Esse pensamento fez um arrepio percorrer sua espinha e de seguida a imagem de Patch se materializa na sua cabeça.

–Eu preciso sair daqui. – Nora pediu entre sussurros, se sentindo sufocada no meio de todo aquele caos.

–Vem, vamos para casa. – Vee a ampara a encaminhando para fora da biblioteca, até o parque de estacionamento e fazendo a amiga entrar no carro, no banco do carona, apertando seu cinto, como se ela fosse uma criança, mas Nora ainda estava em estado de choque para poder reagir.

Se lembrava perfeitamente de ver Patch completamente concentrado em sua mesa, do outro lado da biblioteca, antes de entrar na área antiga onde as obras originais eram guardadas. Sabia que era impossível Patch se levantar e percorrer aquele caminho todo a tempo de salvá-la, mesmo que ele viesse correndo ou já estivesse a caminho.

–Nora! – Vee a cutuca, a fazendo acordar dos seus devaneios. -Chegamos.

A morena assente, tirando seu cinto de forma automática e saindo do veículo, se encaminhando roboticamente até seu prédio em direção ao elevador.
Pouco depois estavam em seu apartamento e Vee ainda olhava a amiga de forma preocupada, ela não parecia realmente nada bem.

–Nora. Você está bem? Amiga, acho que você precisa ser examinada, você não parece bem…

–Eu estou bem. – Nora garante, olhando por fim para a amiga e lhe sorrindo de leve.

–Só estou…um pouco…confusa… - Leva as mãos à cabeça e comprime os olhos.

Patch não sai de sua cabeça e isso a está enlouquecendo. Todas as dúvidas e mistérios que o rondam parecem relacionados a ela e isso a deixa paranóica em querer obter respostas para perguntas sem qualquer sentido.

–Esses dias têm sido intensos para você. – justificou. -E você ainda não me contou o que aconteceu na noite da boate. Você disse que vinha para casa e quando eu cheguei você não estava. Surtei por completo quando tentei te ligar e seu celular dava fora de área! O que aconteceu naquela noite? Um gatinho te convenceu a curtir o resto da noite? – Vee piscou, tentando aliviar o clima que se instaurara.

–Não. Um cara colocou um boa-noite cinderela na minha bebida e quis me raptar para fazer sabe-se lá o quê comigo.

–O quê? Amiga, você está bem? Oh Deus do céu. Eu devia ter te trazido em casa. Sabia que não era seguro te deixar vir sozinha, mas o gostoso do Seth me convenceu a ficar…

–Calma, calma, Vee. Nada aconteceu comigo. Patch me salvou. – Nora explica.

–Patch? Espera, o mesmo Patch que te salvou hoje da queda das escadas?

–E do acidente na biblioteca também!

–O quê? Espera. Rebobina isso tudo. Ele te salvou do suposto estuprador ou até traficante de mulheres, ou de órgãos. Te salvou de uma queda feia que podia ter te machucado feio e ainda de uma viga enorme que podia ter te matado!

E do acidente de carro e da queda do parapeito do prédio. Nora acrescentou em mente, mas resolveu ficar calada. Achava que vê-lo em seus sonhos nesses dois acontecimentos tão traumatizantes de sua vida eram apenas peças que sua inconsciência lhe estava pregando.

–Ele só pode ser seu Anjo da Guarda! – Vee acrescentou depois de um tempo pensando de olhos arregalados e boca aberta.

–Não diga bobagens! – Nora a repreende. -Se fosse meu Anjo da Guarda, porque eu sinto tanta vontade de fugir quando estou perto dele? Parece que um alerta em vermelho neón pisca em minha mente, me dizendo para me afastar. Tipo: PERIGO! – Nora explanou um de seus pensamentos mais secretos em relação a Patch e que reações ele causava nela.

–Estou confusa com tudo isso. Parece que minha cabeça vai explodir.

–Nossa amiga. Isso está feio mesmo. – Vee acaricia seu rosto, afastando as mechas teimosas que pendiam na frente do seu rosto.

–Sabe o que mais?! Você precisa de umas férias. Porque não aceita o convite de sua tia e vai passar uns dias com ela? – Vee aconselhou.

–É isso mesmo que farei. Preciso mesmo de umas férias longe de tudo e de todos. – Nora assentiu, contorcendo o rosto em cansaço e dor. Uma dor mental.

Vee abre os braços para a amiga e a recebe em seu colo, lhe dando o apoio e carinho que ela tanto precisa nesse momento.

Depois de tomar essa decisão Nora não perde tempo em entrar em contato com a tia avisando que em breve estará lá... Sua tia Maryanne recebe a notícia com felicidade e tudo é resolvido rapidamente, Nora precisa desse tempo, dessas férias, nunca se sentiu tão confusa, tão atordoada e já passou por muita coisa em sua vida!

–Vá, descanse e não se preocupe com nada amiga, depois te passo as matérias da faculdade, tente esquecer tudo isso que aconteceu, todos esses acidentes, e você voltará renovada, fique o tempo que precisar. – Vee a abraçou quando elas se despediam, Nora queria partir o mais rápido possível.

–Obrigada Vee, eu ficarei bem, só preciso me afastar daqui um pouco... – e do Patch, pensou, mas não falou.

As duas voltaram a se abraçar e logo Nora estava a caminho de McAdam, cidade onde sua tia mora e que para sua sorte não era tão longe dali.

Durante a viagem Nora tenta relaxar e parar de pensar ou vai enlouquecer, mas tudo o que ela deseja é conseguir, longe de Patch, ter as respostas que tanto quer, precisa entender o que afinal de contas está acontecendo nesses últimos dias... O que Patch tem, quem ele realmente é e porque entrou em sua vida desse jeito.

A viagem é tranqüila apesar do cansaço físico e emocional de Nora depois de tantos acidentes e confusões... Quando chega em McAdam, ela suspira sendo invadida por lembranças da tia, de quem ela tem tanta saudade.

Ao parar em frente a casa da sua tia Nora respira fundo segurando a pequena mochila, que é sua única mala, por mais que queira fugir de tudo que está acontecendo ela não pode ficar para sempre ali.

A porta da casa é aberta e Maryanne corre em direção a sobrinha a abraçando fortemente.

–Oh minha querida, quanta saudade, que bom que veio.

–Também estava com saudade tia, é bom estar aqui, estou precisando. – Nora não consegue esconder todo cansaço e frustração que vem se acumulando depois da loucura que sua vida se transformou.

–Você está bem Nora? Parece exausta. – sua tia passa um braço carinhosamente em seus ombros e a leva para dentro de casa.

–Não sei tia, meus últimos dias têm sido muito tumultuados, é muita coisa acontecendo, e muita coisa estranha.

Maryanne a olha preocupada, sabe como a sobrinha já sofreu e lamenta não estar mais tão presente em sua vida.

–Vem, vamos nos sentar, você descansa um pouco, vou servir algo delicioso para fazermos um lanche e conversamos, o que acha?

Nora sorri assentindo e se deixa ser guiada até o sofá onde se joga. A casa da tia continua exatamente como ela se lembra da última vez em que esteve aqui, uma casa pequena e modesta, mas linda, confortável e aconchegante, ela se sente tão em casa ali, uma sensação boa de paz a domina e ela relaxa um pouco enquanto a tia vai pegar um lanche para as duas.

–Então, problemas com os rapazes? – Maryanne pergunta divertida quando volta para a sala com uma bandeja cheia de delícias e a coloca na mesinha em frente a elas.

–Se fosse isso eu estaria feliz... – Nora ri, mas se lembra do Patch, de certa forma é um problema com rapazes, com um rapaz em específico... Um rapaz lindo, sedutor, mas misterioso e que está sempre a salvando.

–Então o que foi querida? Prefere falar depois? Talvez você queira tomar um banho primeiro, a viagem não é muito longa, mas você me parece mesmo muito cansada.

–Eu preciso falar... Preciso desabafar, porque acho que vou enlouquecer. – Nora suspira pegando um copo da bandeja e tomando um longo gole do suco.

–Então fale Nora, estou aqui sempre para o que você precisar. – Maryanne sorri. Ela é irmã da mãe de Nora, e são tão parecidas que Nora sente seu coração se apertar de saudades de sua mãe e de toda sua família. Não gosta de pensar no modo trágico como perdeu toda a família, mas seus sonhos ultimamente não a deixam se esquecer disso.

–Eu não sei por onde começar... – Nora suspira e depois de pensar uns instantes decidi não falar exatamente do Patch como tinha conversado com Vee. -Eu tenho tido muitos sonhos, na verdade são mais como pesadelos.

Maryanne segura às mãos da sobrinha e espera que ela continue a falar...

–São sonhos com meus pais e minha irmã... Na verdade nesses sonhos eu revivo tudo o que aconteceu, primeiro foi o acidente de carro... – Nora segura as lágrimas. -E depois com o suicídio da mamãe.

–Oh, meu bem. – Maryanne a puxa para seu colo onde Nora se ajeita deixando as lágrimas caírem.

–Reviver tudo isso é doloroso, eu nunca vou me esquecer, mas fazia tempo que não pensava tanto nisso...

–Eu sei como isso machuca Nora. – sua tia acaricia seus cabelos e ela suspira.

–Tia, você sabe quem me salvou nessas duas ocasiões? Quem me tirou do carro e quem me puxou do parapeito daquele prédio? – ela nunca tinha se lembrado e sonhar com Patch sendo essa pessoa a estava assustando, até porque nessas duas ocasiões ela era só uma criança.

–Não, nunca soubemos, sempre foi um mistério. – sua tia a abraça e ela morde os lábios tentando não chorar ainda mais, parece que suas perguntas continuarão sempre sem respostas.

–Não fique pensando nisso querida, só vai te fazer mal, já sofremos muito quando toda essa tragédia nos aconteceu, e por mais que seja difícil precisamos seguir em frente... E você sempre terá a mim, estou aqui para o que você precisar Nora.

–Eu sei, obrigada por tudo. – ela se aconchegou mais no colo de Maryanne e ficou quieta, não queria falar sobre Patch, ou seus últimos acidentes, não adiantaria nada e só deixaria a tia preocupada.

–Você sobreviveu a todas aquelas tragédias e isso foi um milagre Nora, e é só o que importa. - Maryanne sussurrou e ficou acariciando os cabelos dela e aos poucos Nora se acalmou, sentia muita falta da tia, desse carinho e era exatamente isso que precisava para tentar esquecer o que andava acontecendo, talvez só estivesse ficando muito paranóica, mas a verdade é que desde que Patch entrou em sua vida tudo mudou, Nora não consegue parar de pensar nele, e ao mesmo tempo em que a assusta, Patch e atrai de forma intensa e inexplicável.

E foi depois dele aparecer que ela começou a ter esses sonhos tão estranhos... Nem mesmo na época do acidente de carro e do suicídio da mãe ela teve tantos pesadelos como agora.

Quando se acalmou mais Nora se instalou no quarto de hóspedes com a ajuda da tia e tomou um banho quente... No decorrer do dia tentou não pensar em Patch, por mais difícil que fosse, e em nada daquilo que a vem perturbando, veio aqui para tentar descansar de toda aquela confusão e é isso que fará.

Sua tia é divertida e a fez rir um bocado enquanto as duas jantam se lembrando de antigas histórias que passaram juntas.

–Estou cansada, acho melhor ir dormir. – Nora sussurra depois de ajudar Maryanne a lavar a louça do jantar.

–Claro, vá sim, descanse e qualquer coisa é só me chamar.

As duas se abraçam carinhosamente e Nora vai até o quarto onde ficará e troca de roupa colocando seu pijama confortável... Depois se atira na cama e suspira pesadamente, só espera conseguir dormir tranquilamente, sem nenhum sonho perturbando-a dessa vez... Mas isso não acontece...
 
 
 
 
 
 

6º Capítulo

 
 
 

A noite volvia alta num céu escuro, sem estrelas nem lua. Nora se encontrava num descampado olhando em volta como se esperasse alguém. Mas sente medo. Medo que essa pessoa chegue.

O som de um farfalhar de folhas atrai sua atenção por cima de seu ombro. Assim que olha para trás de si, Nora percebe quem ela esperava.



–Anjo… - Patch a cumprimenta lhe dando um sorriso torto.



Nora se ergue de rompante com um misto de sentimentos a invadindo. Felicidade e receio. Esse último sentimento fez seu coração bater forte no seu peito e um tremor percorrer o seu corpo a cada passo que Patch dava em sua direção. Patch então parou de andar e desfez o sorriso gradativamente, adotando uma expressão consternada.



Então ele ergueu a mão na direção dela, como se a quisesse alcançar e tocar seu rosto, mas não o fez.



–Estarei sempre por perto, Anjo. Mas não confie em mim!



Nora quis responder, mas sua voz se prendera em sua garganta, sem conseguir sair. Ela ergue a mão para tocar a dele, que ainda permanece suspensa no ar, mas antes de o conseguir alcançar, Patch começa desvanecendo.



–Não! Patch! Não me deixe! PATCH! – Nora grita e chora, correndo atrás dele, mas ele parece estar cada vez mais distante, até por fim desaparecer por completo.



–Patch! – Nora chama o nome dele, acordando daquele sonho tão perturbante para si.



Ela tenta controlar sua respiração que está ofegante e enxuga o suor de sua testa tentando se acalmar...



–Foi só um sonho. – sussurra para si mesma, mas isso não a tranqüiliza em nada, muito pelo contrário, afinal está cansada desses sonhos.



Mas esse tinha sido diferente, Patch não estava salvando ela de nada, parecia mais como um alerta... Fechou os olhos se esforçando para recordar do que ele lhe disse em sonho e sussurrou ao se lembrar da frase...

–Estarei sempre por perto, Anjo. Mas não confie em mim!



Foi isso que ele tinha dito, mas por quê? O que isso significava?



–Nada, não significa nada, foi só mais um sonho idiota. – resmungou alto e se levantou decidida a se esquecer disso.



Já era de manhã então ela resolveu tomar um banho quente para relaxar e depois de fazer sua higiene e se arrumar desceu a procura da tia.

A casa estava silenciosa, ficou óbvio que Maryanne não estava ali, e quando chega à cozinha Nora encontra um bilhete na porta da geladeira, ela sorri e o pega...



“Bom dia queria... Tive que sair bem cedo e não quis te acordar, ficou bem claro que você precisa descansar. Só volto à noite e lamento muito, mas prometo que depois passaremos muito tempo juntas para compensar. A geladeira e dispensa estão vazias, mas na mesa tem um envelope com dinheiro, vá ao mercado e compre o que quiser... Fique a vontade Nora e qualquer coisa ligue... Amo você.”



Nora ri ao terminar de ler o bilhete e pega o dinheiro do envelope em cima da mesa, é bem a cara da tia deixar a geladeira vazia, e mesmo sem muita fome decide ir ao mercado e fazer umas compras, talvez sair um pouco lhe faça bem, espera ao menos conseguir esquecer o sonho da noite anterior.

O caminho até o mercado não é muito longo e Nora chega até lá e faz suas compras mais rápido do que gostaria, na verdade está agindo um pouco em automático, por mais que tente o sonho e Patch não saem de sua mente.



Parece que fugir não adiantou nada Nora... Pensa em um suspiro enquanto ajeita as sacolas nas mãos e volta para a casa da tia, mas no meio do caminho ela para ao ver um movimento na rua, um grupo grande de pessoas está em frente a um ônibus no meio da pista, assustada Nora percebe que é um acidente e acaba se aproximando.



–O que aconteceu? – pergunta para uma senhora que está por ali, mas logo se dá conta do que foi ao ver uma mulher estirada ao chão.



–O ônibus atropelou a coitada. – a senhora responde e Nora assente olhando para o corpo no chão.



Tem muita gente em volta, muito falatório, mas de repente tudo ao seu redor parece sumir quando Nora encontra um olhar familiar no meio da pequena multidão... Os olhos negros e tão intensos a encaram de volta e ela olha por mais alguns instantes para ele só para confirmar que não está ficando maluca... E não está, é ele mesmo, bem ali em sua frente.



–Patch! – sua voz não é mais que um sussurro.



Mas assim como apareceu ali Patch desaparece, em um piscar de olhos. Nora olha desesperada em volta e em um impulso corre atrás dele, mesmo sem saber direito por onde ele foi, logo a frente ela vê uma mata e imediatamente se lembra do seu sonho, talvez ele tenha ido para lá, é o único lugar para onde ele pode ter fugido.

Um pouco desnorteada Nora corre mata adentro largando as sacolas com as compras pelo caminho... Está ventando e seus cabelos ricocheteiam em seu rosto cobrindo seus olhos enquanto ela corre, seu corpo treme, mas não sabe se é de frio ou de medo.



–Patch! – sua voz está tremida e ela respira fundo tentando se acalmar. -Patch, eu te vi, aparece!



Nora continua correndo e gritando por ele, mas logo para ao perceber que isso não vai adiantar nada e ela pode acabar se perdendo.

Frustrada ela volta pelo mesmo caminho até sair da mata e só para de correr quando chega à casa de Maryanne.



–As compras. – sussurra quando tranca a porta se lembrando de que deixou as sacolas pelo caminho. –Droga!



Seus olhos se enchem de lágrimas e ela corre em direção ao quarto se jogando na cama e chorando... Está tão confusa, só pode estar enlouquecendo, como Patch estaria ali? Isso é impossível, mas pode jurar que o viu, era ele, só pode ser, ou então ela está mesmo ficando louca e tendo até alucinações... Mas e aqueles sonhos, porque eles vêm atormentando-a daquele jeito? Nada disso faz sentido, sua cabeça está estourando, seus pensamentos se embaralham em um quebra-cabeça sem solução e ela chora até toda aquela frustração ir diminuindo.



Quando finalmente consegue controlar o choro Nora vai até o banheiro e retira as roupas calmamente enquanto deixa a banheira enchendo, talvez um banho a ajude a se acalmar e pensar com mais clareza... Porque todos esses acontecimentos estranhos e até assustadores parecem estar ligados ao Patch, tudo isso começou depois daquela noite na boate onde eles se esbarraram.

Quando a banheira fica cheia Nora se deita nela e submerge fechando os olhos e prendendo a respiração, quando era criança e tinha medo de algo fazia isso e se sentia protegida de tudo e todos, no momento gostaria de ser criança novamente.



E o pior de tudo é que por mais que Patch lhe cause sensações arrepiantes e seja tão misterioso ela não consegue parar de pensar nele, de se sentir atraída por ele... Quanto mais pensa em tudo isso, mas chega à conclusão de que está mesmo enlouquecendo.

Infelizmente ela não pode ficar ali debaixo da água para sempre e abre os olhos pronta para levantar... Mas seu coração falha uma batida e depois fica descompassado quando seus olhos se fixam nele, bem ali no banheiro, parado perto demais da banheira e a olhando intensamente... Patch!



Com um grito Nora se senta na banheira derrubando água pelo chão e tentando controlar seu coração que parece prestes a sair pela boca!
 
 
 
 
 

7º Capítulo

 

Nora tenta acalmar as batidas frenéticas do seu coração e respira fundo olhando desesperada para cada canto do banheiro, mas não tem ninguém ali, ela está sozinha!
Um calafrio percorre seu corpo e ela se levanta da banheira pegando a toalha que estava perto e se enrolando nela, está cansada de tudo isso, não consegue mais viver assim ou realmente vai acabar enlouquecendo, se é que isso já não aconteceu... Ela permanece no meio do banheiro, de pé, molhada e enrolada na toalha, mesmo vendo que está sozinha continua olhando em volta à procura dele... Tinha certeza de que era Patch ali, perto da banheira, olhando-a intensamente.
Ainda tem a sensação de estar sendo observada e o sentimento de desespero começa a se transformar em raiva...
Ela não pode estar alucinando, mas se era mesmo Patch mais cedo na rua perto do acidente e se ele tinha mesmo estado agora ali no banheiro, o que ele era realmente? Quem era Patch?
Tudo se resumia a ele, tudo girava em torno dele e Nora teve a certeza de que para sua vida voltar ao normal ela teria que parar de fugir e procurá-lo, mesmo que cada célula de seu corpo gritasse para ela não fazer isso!
Decidida a acabar de vez com essa loucura Nora sai do banheiro e se enxuga se vestindo rapidamente, em instantes sua mala estava pronta... Ela precisava voltar para casa, procurar Patch e resolver tudo isso de uma vez por todas.
Mas antes de sair precisa ligar para a tia e com o coração ainda acelerado faz isso rapidamente, antes que mude de ideia.
–Mas tem certeza Nora? Você acabou de chegar. – Maryanne sussurra do outro lado da linha depois de Nora contar a ela que está indo embora.
–Eu sei tia, mas aconteceram umas coisas na faculdade e preciso ir, uma amiga me ligou... Muito obrigada por ter me recebido, prometo que volto logo, com mais calma e fico muito mais tempo. – Nora não vê motivos para preocupar a tia com tudo que vem lhe acontecendo, ela tem que resolver tudo isso sozinha.
–Tudo bem, se você prefere assim, mas saiba que pode vir ficar comigo quando quiser querida, nunca se esqueça disso.
–Eu sei, obrigada tia, amo você. – Nora sorri se sentindo um pouco mais tranqüila.
–Também amo você Nora, vá com cuidado e qualquer coisa me liga.
As duas se despedem e depois de alguns minutos criando coragem Nora pega sua mala e sai da casa da tia pronta para resolver tudo... Precisa de respostas e sabe que Patch é o único que pode dá-las.
Horas mais tarde, depois de uma viagem cansativa em que a mente de Nora não parava de passar um filme de suposições sobre o que estava acontecendo, ela chega a Coldwater. Sem nem passar por casa para pousar suas coisas, Nora toma um táxi e se dirige diretamente a casa onde supostamente Patch mora, ainda se lembra de quando esteve lá pela primeira vez, e por sorte conseguiu acertar o caminho.
Seu coração pulsa freneticamente em seu peito, ameaçando a qualquer momento pular pela boca.
Cada célula do seu corpo, cada sinapse do seu cérebro lhe dizem para dar meia volta e ir embora.
Mas ela está tão próxima.
Só mais uns passos e estaria frente a frente à Patch.
Só algumas batidas na porta e teria todas as suas dúvidas respondidas. Ou talvez acrescidas.
Nora só precisa constatar que não está louca e que Patch realmente estava em McAdam.
E então a porta se abre revelando uma visão do paraíso. Na sua frente estava um homem com uma beleza incomum e ao mesmo tempo sombria, muito semelhante à de Patch. E tal como Patch seus olhos te prendiam de uma forma atordoante, com a diferença de que não eram negros, como o céu numa noite estrelada, eram azuis como um céu aberto e iluminado.
–Você deve ser o amigo, dono do apartamento certo? – ela se recorda de Patch dizendo que o apartamento era de um amigo.
–Eu sou a Nora, uma amiga do Patch... Eu acho. – Nora tenta atirar na sorte, esperando que aquele cara fosse realmente o dono do apartamento, como Patch falou, e que ele acreditasse na parte dela ter dito ser amiga de Patch.
–Sim, sou Rixon. - o cara responde brevemente, lhe abre um sorriso de tirar o fôlego e abre espaço, estendendo o braço para dentro do apartamento, numa forma de convidá-la para entrar.
Nora olha aquele gesto um pouco apreensiva, tendo a mesma sensação de perigo perto dele.
Você só pode estar completamente doida. Ela abana a cabeça, entrando no apartamento um pouco relutante.
Olhando por cima do ombro ela vê Rixon fechar a porta e a olhar de forma maliciosa, se aproximando dela lentamente.
–Então você que é a Nora... Muito mais bonita ao vivo! – aprova, mordendo de leve o lábio inferior.
–Mas Patch se meteu numa fria... – comenta, se encaminhando para a kitchinete e abrindo a geladeira, retirando dela uma cerveja e oferecendo outra a Nora, que prontamente recusa.
–Ele tem mesmo que protegê-la. – Rixon comenta num quase sussurro não suficientemente baixo, visto Nora ter escutado.
A confusão passa por seu rosto, como um flash, mas ela sequer tem tempo de questionar aquela simples e tão secreta frase.
–Patch viajou. Mas creio que ele deve estar chegando a qualquer instante. – Rixon fala muito certo de si, retornando à sala e se aproximando perigosamente de Nora.
–Tentadora. – ele fala, deslizando seus dedos pelo rosto macio dela.
Nora, tentando se desviar daquele carinho inusitado acaba esbarrando numa poltrona e caindo sentada sobre ela. Rixon se abaixa a encurralando, colocando ambos os braços em torno do corpo dela, apoiados no sofá e aproximando seu rosto do dela, a olhando intensamente, mas de imediato ele se afasta e de seguida o som da porta se abrindo ecoa pela sala, trazendo um alívio imediato para Nora.
Ela olha em direção a porta e seu coração martela alto e sem controle em seu peito ao ver Patch... Ele para ainda na porta e a olha fixamente nos olhos, nem parece surpreso ao encontrá-la ali e isso a deixa ainda mais atordoada.
Patch finalmente entra deixando a porta aberta e Nora engole em seco tentando encontrar sua voz para falar algo, Rixon ainda está perto dela, mas Nora mal consegue se lembrar dele ali, Patch conseguiu roubar toda sua atenção no momento em que chegou...
Rixon olha para os dois alternadamente e depois sacode a cabeça sorrindo de um jeito indecifrável e sem falar nada apenas se retira saindo do apartamento e fechando a porta atrás de si.
–Olá Anjo. – Patch sorri se aproximando dela e Nora ofega, se lembra da primeira vez em que esteve naquele apartamento e logo outra lembrança a invade, de quando por acaso achou uma bíblia ali... A passagem dos Ceifadores ainda está fresca em sua mente, ela nunca se esqueceu daquilo.
Patch está ficando cada vez mais perto e Nora respira fundo o encarando...
O sorriso dele aumenta, de um jeito misterioso e, Nora se repreende por pensar assim, mas muito sedutor... Ele está tão perto que seus corpos estão quase colados e ela não consegue se mexer... Reunindo toda sua coragem e força de vontade Nora sussurra a primeira pergunta que lhe vem à mente...
–Quem, ou o que, é você Patch? 
 
 
 
 
 
 

8º Capítulo

 

 

Nora aguarda uma resposta de lábios e cenho franzidos e uma mão na cintura, impaciente para que tudo fosse esclarecido e ela tivesse a confirmação ou negação de todos os fatos. No mais profundo do seu ser ela prefere estar louca do que descobrir o que quer que fosse que Patch estivesse escondendo. Só quer resolver tudo e acabar com toda essa tensão e pressão que pesava sobre si como aço.

Mas ao invés de uma resposta, Patch a puxa para si, colocando uma mão em sua nuca e outra em sua cintura, atacando seus lábios com fulgor e uma vontade que há muito estava reprimindo. Nora tenta lutar contra ele, colocando seus braços no peito dele numa tentativa de o afastar, mas seus esforços foram nulos. A força que ele exerce sobre si, a forma como ele a beijava, não eram páreo para ela.
Então acaba por ceder. Seu corpo amolece quando a língua quente dele traceja um caminha por seus lábios, como que pedindo permissão para a beijar.
Como se ele precisasse de permissão para alguma coisa… Ela entreabre os lábios, aérea sobre seus atos. Parece que seu corpo todo não corresponde aos comandos que seu cérebro manda e ignora os alertas de perigo que piscam feito uma tableta neón.

O sabor dele é indescritível. Irresistivelmente saboroso, como uma guloseima de uma confeitaria.
Sua língua é ardilosa, perscrutando cada canto da boca dela e quando o ar é necessário, Patch desce seus beijos pelo contorno do maxilar dela, continuando pelo pescoço dela e se aventurando por seu colo.

Num momento de entrega total, em que o corpo clama pelo dele, Nora escuta os apelos de sua mente para que acabe com aquilo. Sabe que ele a está ludibriando e seduzindo para que ela não obtivesse suas respostas, então Nora o empurra com violência e o olha furiosa.

–Nunca mais encoste em mim! Eu não sei o que ou quem você é. Tudo bem se você não quer me dizer, mas eu vou descobrir. Pode apostar! – Nora fala raivosamente e gesticulando exageradamente, pegando de seguida em sua pequena mala e saindo porta afora do apartamento.

Nora corre se afastando o mais rápido que pode dali, se antes já estava confusa agora tudo piorou, achou que indo ali Patch esclareceria as coisas para ela, mas pelo contrário, ele não falou nada e só a deixou mais desnorteada.
Rapidamente ela para um táxi, que por sorte está passando, e depois de dar o endereço de seu apartamento se afunda no banco do carro tentando controlar a respiração que ainda está ofegante e não pela corrida, mas pelo beijo... Céus, aquele beijo a tocou de uma forma tão intensa que era insano, o gosto de Patch ainda está em seus lábios e só ela sabe a força que teve que ter para se separar dele, seu corpo traidor o queria, suplicava por aquele beijo, pelas carícias dele... Maldição!

Nora tenta controlar as lágrimas de frustração que querem sair, a cada segundo ela se sente mais perdida com tudo isso, como pode ao mesmo tempo sentir que deve se manter afastada do Patch e o querer tanto?

Quando o táxi para ela paga ao motorista e corre para seu apartamento jogando a pequena mala em sua cama e indo beber um copo d’água, Vee não está e isso é até bom, Nora precisa de um tempo sozinha para tentar colocar seus pensamentos em ordem.

Sem conseguir ficar parada ela começa a caminhar desnorteada, por mais que tente, o beijo que Patch a deu não sai de sua memória, Nora está com medo do que pode começar a sentir por ele.
Sua cabeça está quase estourando quando ela se lembra de alguém que pode ajudá-la, no momento qualquer coisa serve.

–Vamos Nora, pense, onde está o número dele. – ela começa a sussurrar desesperada enquanto procura em suas coisas o número do telefone de Esposito, um velho amigo dos seus pais, seu padrinho e delegado, talvez ele consiga descobrir algo sobre o Patch, qualquer coisa, porque Nora sente que tem algo de muito misterioso envolvendo ele.

Quando finalmente acha o número ela liga sentindo o coração quase sair pela boca, para seu alívio no terceiro toque ele atende.

–Padrinho? É a Nora, tudo bem? – ela sussurra hesitante, faz tanto tempo que não se falam, mas ele sempre foi muito carinhoso com ela.

–Nora, minha querida, quanto tempo, como você está?

Ela sorri se sentando em sua cama mais aliviada.

–Estou bem e o senhor? – os dois conversam tranquilamente sobre banalidades por um tempo até que ela decide ir ao ponto.

–Na verdade eu te liguei porque queria pedir um favor, um grande favor.
–Claro, se eu puder ajudar, o que foi? – ele fala e ela respira fundo.

–Eu gostaria que você investigasse alguém para mim, ele se chama Patch Cipriano, e qualquer coisa que descobrir sobre ele serve. – fala de uma vez torcendo para ele não fazer muitas perguntas a ela.

Depois de um tempo em silêncio Esposito suspira pesadamente...

–Eu faço isso para você Nora, mas quem é esse cara? Ele te fez algo? – a preocupação está presente na voz do padrinho e Nora tenta tranqüilizá-lo.

–Não, eu só ando um pouco desconfiada de algumas atitudes dele, é um conhecido... Eu fico muito grata se você conseguir descobrir algo sobre ele.

–Tudo bem, vou ver o que consigo. – Esposito fala por fim deixando Nora mais aliviada, se tiver algo de errado com Patch ele descobrirá.

Depois de mais um tempo de conversa os dois se despedem e Nora desliga o telefone se ajeitando na cama e suspirando alto, tentando se acalmar.
Mas isso parece ser impossível. Sua necessidade de respostas aumenta a cada segundo mais e sua mente borbulha em suposições.
Não dava para esperar. Ela precisa de ter nem que seja uma ponta de solução em suas mãos.

E algo que a está incomodando veemente, mesmo que não faça qualquer sentido, é aquela passagem bíblica. O excerto de São Mateus.

Nora caminha até a pequena estante de livros onde estão depositados livros universitários e busca na prateleira mais alta a sua Bíblia.
Não é muito religiosa, mas guardara aquela Bíblia pois pertencera aos seus pais.
E eles tinham um enorme apreço por ela.

Assim que tem a Bíblia em mãos, Nora a folheia procurando por aquele excerto que falava sobre Ceifadores e assim que o acha ela relê-o.

“38. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno.
39. O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos.
40. E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no fim do mundo.
41. O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal.
42. E os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes.
43. Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça.
44. O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo.
45. O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas.
46. Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra.”

–Ceifadores? – ela questiona em voz alta, não entendendo o significado subentendido daquela simples palavra.

A fim de esclarecer suas dúvidas, Nora se encaminha até o seu laptop e abre o servidor no motor de busca digitando aquela palavra.
Depois de vários links abertos falando sobre camponeses que fazem a recolha da sementeira nos campos, também conhecidos como Ceifadores, por fim Nora acha um link que lhe interessa muito.
Ela clica sobre ele, abrindo em um novo separador e lendo calmante o enorme artigo que lá se encontra.
Por fim ela acha um excerto que lhe interessa e o lê.

“O Ceifador é um Anjo da Morte que acaba com a vida das pessoas e só pode ser visto por sua vítima, minutos antes de sua morte.
Existem diferentes tipos de ceifadores em várias culturas com diferentes nomes. Os Ceifadores podem parar o tempo e os relógios próximos ao local de seus aparecimentos. Costumam ficar congelados no minuto exato da morte da vítima.”

O texto que se segue perde o interesse e são um conjunto de suposições sem nexo. Mas algo naquele excerto que leu lhe diz que está indo pelo caminho certo. Então Nora volta ao motor de busca e escreve as palavras Anjo da Morte e logo aparecem vários links de interesse, mas ela apenas abre dois que se destacaram.

O primeiro é um documento da Wikipédia:

“Azrael é tipicamente conhecido como um dos nomes do Anjo da Morte. […] ele é geralmente descrito como um arcanjo […] simplesmente representa a morte personificada. […]
Dependendo da perspectiva e preceitos de várias religiões em que ele é uma figura, Azrael pode ser retratada como residindo no terceiro céu.”

Depois de ler o suficiente naquele artigo, Nora vê a outra aba de um Portal de curiosidades sobrenaturais e lê o excerto destacado antes de partir para o artigo em si.

[…] Os anjos que regem os processos da concepção vivem, normalmente, na quarta dimensão, e os que governam a morte vivem na quinta dimensão. Os primeiros conectam ao Ego com o zoosperma, os segundos rompem a conexão que existe entre o Ego e o corpo físico.
Os Anjos da Morte são, em si mesmos, homens perfeitos; é muito amarga a perda de um ser querido, e pareceria que os Anjos da Morte fossem muito cruéis. Mas, eles realmente não o são, ainda que isso possa parecer incrível. Os Anjos da Morte trabalham de acordo com a Lei, com suprema sabedoria e muitíssimo amor e caridade.
Isto só podemos entender claramente quando nos identificamos com eles no mundo molecular e no mundo eletrônico.”

Assim que termina de ler, um monte de peças soltas de um quebra-cabeças impossível de se completar começam se juntando por si só. Nora fica perplexa com todas as descobertas que fez.

Será que isso significava que Patch era um Anjo da Morte? Se o era, porque estava sempre a salvando? O que Patch queria realmente dela?

Agora ela não tinha mais dúvidas. Era mesmo ele que estava lá das duas vezes que a sua vida esteve em perigo.
Mas será que ele queria mesmo salvá-la? Ou lhe tirar a vida? Se era isso, porque até hoje ela continuava ali… respirando?

 

 

 

9º Capítulo

 

 

 

Depois de tudo que descobriu em suas pesquisas Nora sente seu mundo virar de cabeça para baixo, nada mais faz sentido e ela se sente cada vez mais perdida e assustada, não sabe o que fazer e nem a quem pode pedir ajuda, afinal alguém acreditaria em tudo isso? Anjo da morte... Nem ela estava conseguindo acreditar, mas a cada segundo que passava algo dentro de si lhe alertava que tudo aquilo era mais real e estava muito mais perto do que ela poderia imaginar.

Antes Nora achava que Patch era o único que poderia lhe dar respostas, ela ainda acredita nisso, mas agora não tem mais tanta certeza se quer mesmo ouvir a verdade, se quer se aproximar de Patch novamente, ele parece perigoso, não só por tudo que ela acha ter descoberto, mas pelo modo como ele mexe com ela.
Mas ela nem deveria se preocupar em confrontar ou não Patch porque nos dias seguintes ele simplesmente some. Não aparece nas aulas na Universidade, não esbarra mais em Nora em lugar algum, e ela não sabe se sente alívio ou frustração por não vê-lo.

Mas enquanto Patch resolveu sumir Nora fica cada vez mais perdida, as noites viraram um tormento porque ela não quer dormir, tem medo do que pode acontecer em seus sonhos, do que eles podem lhe revelar.

Hoje, em mais um dia de aula, e mais um dia sem nem sinal de Patch, Nora está sentada ao fundo da sala enquanto tenta não adormecer, está exausta pelas noites mal dormidas e pelo modo como seus pensamentos a atormentam... O sumiço de Patch pode parecer um alívio, mas só lhe traz mais perguntas sem respostas.

Vee já percebeu seu comportamento estranho e Nora tenta a todo custo sempre escapar das perguntas da amiga, mas está ficando difícil, ao menos essa aula elas não tinham juntas e ela pode tentar relaxar um pouco... Isso se não continuasse com a horrível sensação de estar sendo observada o tempo todo, a cada canto que vai, mesmo em seu apartamento, Nora tem a nítida sensação de que olhos a seguem de perto.

A aula termina e cansada Nora vai ao banheiro lavar o rosto e tentar se animar, não da mais para continuar vivendo assim.

Quando se olha no espelho ela vê como está horrível e pragueja baixinho, não consegue se lembrar da última vez que teve um dia tranqüilo e uma boa noite de sono...

Nora começava a lavar o rosto e a nuca respirando fundo, mas seus pensamentos sempre voltam para Patch, ela ainda tem no computador tudo que achou em sua pesquisa e vive lendo e relendo, é tudo tão surreal, mas ao mesmo tempo parece tão certo!

Ela sente seus olhos marejarem e ergue o rosto para o espelho novamente, mas não é apenas seu reflexo que vê ali o que faz um grito sair por seus lábios.

–Patch! – rapidamente Nora se vira quando o vê refletido no espelho, logo atrás de si, ele a olhava com tanta intensidade que ela ainda podia senti-lo ali, mas não há mais ninguém.

–Patch... – Nora volta a gritar dividida entre a raiva, o medo e a confusão. -Porque você não me deixa em paz de vez?

Como resposta para seus gritos ela vê uma garota saindo de uma das cabines do banheiro a olhando assustada e correndo para fora do banheiro.

–Pronto, agora vou ficar com fama de maluca. – Nora sussurra para si mesma voltando a olhar para o espelho onde espera encontrar Patch... Ele não está ali, mas ela tem certeza de que ainda não enlouqueceu, era Patch, e não seria a primeira vez em que ele aparece e some desse jeito.

As lágrimas que ela continha para não derramar, agora caíam livremente por seu rosto.
Nora se encosta na parede e se deixa escorregar até ao chão. Não entende como sua vida pôde virar de ponta à cabeça de um dia para o outro e nem por que. Porque isso estava acontecendo com ela e não com outra qualquer?
Nora enterra a cabeça em seus joelhos, os abraçando com os braços e soluçando alto.
Há tanto que ela queria aliviar toda essa angústia pela qual estava passando que agora ela não conseguia conter mais.

–Nora?…OMG! Nora, você está bem? Fala comigo amiga. Olha para mim. – Vee pede desesperada, se ajoelhando do lado da amiga depois de entrar no banheiro à procura dela.

Vira uma garota sair apressada dali e no mais profundo do seu ser sabia que a amiga estava ali.

–Nora, fala comigo. O que aconteceu? – Vee ergue o rosto dela, enxugando suas lágrimas.

–Eu…eu… - Nora não sabe o que falar.

Se ergue do chão limpando o rosto com a ponta das mangas e se olha no espelho, para de seguida tornar a lavar o rosto.

–Está tudo bem agora. Eu só surtei um pouco por causa da Tese. Tem sido muita pressão. – ela mente.

Lhe custa mentir assim, descaradamente, para a sua melhor amiga, mas nada podia falar sobre o que estava acontecendo.

–Sei… - Vee assente, mas não acredita muito no que Nora está lhe contando.

–Eu hoje vou ficar até mais tarde aqui para investigar alguns pontos da minha Tese. Não precisa me esperar. – Nora informou, se recompondo por fim.

–Tudo bem. Eu vou sair com o Seth, mas estarei cedo em casa.

Nora apenas assentiu e ambas saíram do banheiro em direção às suas próximas e últimas aulas.
Depois do almoço Nora se enfiou na biblioteca tentando ocupar a mente com outros assuntos que não estivessem relacionados com os últimos acontecimentos.
Nora até já começava a ter medo de pensar no nome de Patch achando que apenas isso desencadeava uma série de outros pensamentos e sentimentos que sempre acabavam em temor.

Nas primeiras horas foi difícil se concentrar, mas com muito esforço ela por fim se atirou de cabeça nos seus estudos.

O alívio momentâneo que sentiu por finalmente estar tendo uma “folga” dos seus recentes problemas era indescritível e isso a fez se perder no tempo.

Só percebeu como o tempo corria rápido e injusto para ela quando a bibliotecária a veio informar que já iria fechar.
Nora olha para a janela e vê que a noite começava caindo. As nuvens grossas que pairavam no céu tornavam o fim do dia mais escuro e mais próximo de parecer que era já de noite.

Ela arruma as suas coisas e sai do edifício. Caminha pelas ruas apressadamente, querendo chegar em casa e tomar um longo e revigorante banho quente.
O vento frio gela os seus ossos, a fazendo se encolher e abraçar seu corpo. O rosto vai baixo, pois o vento gelado seca e fere seus olhos e quando o ergue, seu coração ameaça parar de bater.

–Você não devia andar sozinha pela rua, Nora. É perigoso. – Rixon fala com uma pontada de sarcasmo na voz, se aproximando lentamente dela.

–Você não me dá medo. Eu sei o que Patch é e você deve de ser a mesma coisa. – Ela cospe as palavras sem qualquer pudor.

–Saber não lhe vale de nada. Você sabe muito pouco perto daquilo que você precisa para se proteger. – Ele fala bem perto do seu rosto, a contornando.

–Me proteger? – Ela arregala os olhos, mas tenta não demonstrar na voz o pavor que está sentindo.

–Não tente afastá-lo de você. Ele é a sua única segurança. – Rixon continua falando em códigos, andando em um círculo fechado em torno dela.

–Do que você está falando, Rixon!? – Nora se impacienta.

–Você é muito preciosa, Nora. – Ele fala parando do seu lado direito e acariciando o seu rosto com a ponta de seus dedos.
–Não sei mais se deva o ajudar a protegê-la… - Sua voz era fria e maquiavélica.

–Você está me assustando. – Ela confessa com a voz trêmula.

–Se eu não fosse tão amigo dele… - Deixou o resto da frase em aberto para olhar em volta. Mais especificamente para cima.

Nora não entendeu, então uma brisa mais forte e gelada os rodeou a fazendo se encolher mais ainda. Não só de frio, mas também de medo. Como se com o vento viesse à sensação de que ela estava em perigo.

–Vá para casa, Nora. Vá para casa e se tranque lá. – Rixon ordenou a afastando de si.

–O que está acontecendo? – Ela perguntou amedrontada.

–Coisas que você não pode entender. Você se meteu num beco sem saída. Quis saber mais do que você podia e agora que você sabe você é um alvo bem mais fácil de achar. Eles estão sempre atentos...

–Rixon… - Nora tenta falar.

–Vá para casa! Agora! – Ele grita e em um segundo ele desaparece no ar, bem na sua frente, como um passe de mágica.

Nora não consegue abafar um grito e naquele momento tem suas suspeitas confirmadas, Patch e esse Rixon não são humanos, nem perto disso... Anjos da Morte! Essas palavras não saem da sua cabeça.

Desesperada ela corre em direção ao seu apartamento, as lágrimas caem sem controle por seu rosto enquanto seu desespero só cresce!

Ao chegar em casa ela percebe que Vee não está e tranca a porta deixando seu corpo cair até o chão e chora sem conseguir se controlar.

Seu choro só é cortado pelo barulho do seu celular tocando insistentemente, ainda soluçando ela e o pega e olha no visor vendo o número agora conhecido de Esposito, seu padrinho, e se lembra de que tinha pedido para ele investigar Patch então controla o choro e o atende.

–Tudo bem Nora? – Esposito pergunta preocupado ao ouvir a voz estranha da afilhada.

–Sim, só estou um pouco resfriada. – ela mente para não preocupá-lo ainda mais e respira fundo controlando o choro.

–Ok... Eu liguei para falar sobre o favor que você me pediu... Eu procurei, fiz tudo o que pude, mas não encontrei nada sobre esse Patch.

–Nada? – Nora no fundo não se surpreende com isso.

–Não, é como se o cara nem existisse, fiquei preocupado querida, ele te fez algo? Está te ameaçando?

–Não... Não é nada disso, não precisa se preocupar, na verdade faz uns dias que eu nem o vejo, de qualquer forma obrigada padrinho. – Nora resolve que não pode mais envolver ninguém nessa história.

–Se é assim tudo bem, mas vou ficar alerta e qualquer coisa me ligue... Se cuide. – ele fala carinhosamente e ela agradece desligando o celular logo em seguida.

Sua cabeça ainda pesa e ela se ergue do chão indo até a cozinha para beber água e tentar se acalmar, não quer nem pensar na estranha conversa com Rixon ou vai enlouquecer de verdade... Mas o modo como ele sumiu bem diante de seus olhos só confirma que todas aquelas vezes em que Patch apareceu e em um piscar de olhos sumiu foram mesmo reais e não fruto de sua imaginação.

Não querendo ficar sozinha Nora pega o celular para ligar para Vee, mas se surpreende ao ver que está sem sinal, afinal acabou de falar com o padrinho, sem se importar ela vai até o telefone do apartamento, mas seu coração dispara quando percebe que ele está sem linha.

–Ah não. – ela sussurra apavorada e de repente a luz começa a cair e tremer até tudo ficar completamente escuro.

Nora se encosta na parede respirando ofegante e decidida a chegar até a porta e sair dali, mas um barulho estrondoso vindo de muito perto a faz gritar e ficar paralisada de medo do que poderá estar acontecendo agora!






10 º Capítulo

 

 

 

Tentando controlar seu medo e sua vontade de gritar, Nora coloca ambas as mãos na boca e caminha passo a passo, da forma mais lenta e temerosa possível, até chegar à porta do apê, mas antes mesmo de conseguir se ver livre daquele assombroso e real pesadelo, seu corpo se choca com outro a fazendo gritar de choque e terror.
A pessoa, ou seja lá o que fosse, com que Nora se chocou grita de igual modo e, conseguindo raciocinar no meio de toda aquela tensão, Nora reconhece a voz da amiga.

–Vee?

–Nora? OMG! Que susto que você me pregou, menina. O que aconteceu? – Vee questionou se segurando à amiga.

–A luz…foi abaixo. – Nora explica e nesse mesmo momento a luz volta.

–Foi no prédio todo. Ainda bem que eu já tinha saído do elevador. Já pensou se eu ficasse presa lá dentro? – Vee revirou os olhos puxando Nora para se sentar no sofá.

–Nem quero pensar…Você escutou algum barulho? – Nora perguntou preocupada, olhando em volta receosa.

–Ah, fui eu. Acho que derrubei aquela coisa horrorosa que os Parker têm ali na entrada. – Vee comenta dando de ombros, indiferente ao estrago que fez e Nora apenas ri, abanando a cabeça.

–Onde você esteve? Você disse que ia voltar cedo. – Nora questionou amarrando o cabelo.

–Ah, estive com o chato do Seth. – Vee comenta fazendo Nora franzir o cenho. -Digo…a gente já não está bem, sabe. – Vee encolheu os ombros.

–Sério? Vocês pareciam tão bem. O que aconteceu? – Nora questiona preocupada.

–Ah, não vamos falar daquele idiota, tá? Me fala de você. E Patch? – Vee interroga com uma curiosidade acentuada tanto na sua voz como no seu olhar.

Nora estranha a pergunta e a reação da amiga, mas ignora seus sentidos e responde de forma casual.

–Ah, você sabe. Ele continua sumido. Mas acho melhor assim, não é? Digo…ele é demasiado misterioso e estava me dando muitas dores de cabeça. – Nora se corrige, se lembrando de que Vee não conhecia toda a versão da história. Apenas aquela que não parecia tão…sobrenatural.

Vee fica em silêncio um tempo, olhando intensamente para Nora, com um enigma gravado na expressão do seu rosto. Como se tivesse algo para dizer. Então ela dá um sorriso torto. Um sorriso que Nora nunca antes tinha visto e que não lhe agradou de todo, e por fim, depois daquele silêncio, Vee comenta em um sussurro frio.

–Deixou ela desprotegida. Pouco inteligente.

–O que você disse? – Nora questiona, começando a se afastar lentamente da amiga.

–Sabe o que Patch nunca teve? Inteligência. Ele acha que engana todos, mas tudo o que ele faz é óbvio para nós. Um enigma fácil de desvendar. – Vee continua conversando como se soubesse muito sobre Patch.

–Vee…o que você sabe sobre Patch?

–Sei aquilo que você sabe, minha querida. Ou talvez mais. Mas ele te deixou aqui, sozinha. Já não sei mais se ele te quer proteger ou se ele quer te oferecer numa bandeja para quem quiser pegar. – Nora continua se afastando da amiga, mas esta a segue, ao tempo que diz aquele monte de palavras que não fazem sentido.

Não que não façam sentido para Nora, mas não fazem sentido que Vee saiba.
Nora estremece e engole em seco. Sua mente a está alertando de novo de perigo, mas mais uma vez ela tenta ignorar esse aviso. Afinal, é apenas a sua amiga que está ali…não é?

Nora já não tem tanta certeza assim, quando inconscientemente seu corpo se ergue de supetão do sofá, numa possível fuga, e Vee a segura firmemente por um braço.

–Vee…o que você está fazendo? – Nora questiona num fio de voz, tentando se soltar.

–Te levando embora comigo. – Vee comenta de forma crua, apertando mais sua mão em torno do braço da amiga.

–Vee! Me solta. Está me machucando. – Nora pede, começando a tremer de medo quando Vee a encosta na parede e sorri de forma maléfica para ela.
–Vee! – Nora a chama mais uma vez, mas esta a ignora ao tempo que uma brisa forte passa por elas.

Vee olha para trás, mantendo Nora encurralada, e se depara com Patch prostrado no meio da sala e a olhando de forma nada satisfeita.

–Patch? – Nora indaga surpresa e confusa.

–Ora, ora. Quem nos dá a honra de sua presença. Vejam bem se não é Patch Cipriano. O Rebelde. – Vee o saúda ironicamente.

–Afaste-se dela. – Patch ordena em um tom baixo e duro, entre dentes, mas Vee apenas gargalha alto.
–Agora! – o tom de voz dele soa mais alto e cortante.
–E o que você vai fazer? Fugir com ela de novo? Não adianta, meu caro. Agora Eles sabem onde o Tesouro está! Não adianta mais a esconder. – Vee murmura trocista.

Patch contorce a boca em fúria e em um gesto rápido, estende a mão na direção de Vee e como se isso a afetasse, a loira começa a se contorcer, soltando por fim o braço de Nora.

–Patch para. – Nora grita apavorada ao ver a amiga cair ao chão se contorcendo de forma assustadora.

Patch não lhe da ouvidos e Vee continua a se contorcer e soltar gemidos e grunhidos de dor deixando Nora transtornada.

–Não importa o que você vá me fazer... – Vee fala friamente em meio aos gemidos olhando para Patch de um jeito assustador, aquela não é a sua amiga, Nora pensa apavorada. -Agora sabemos onde ela está, virão caçá-la.

Ela não consegue compreender porque a amiga está falando aquilo e agindo de um modo tão aterrorizante.
Patch fica furioso, e Nora observa paralisada quando ele contorce as mãos como se estivesse esmagando algo e Vee grita erguendo a cabeça e abrindo a boca de onde sai uma terrível nuvem de fumaça preta em direção ao teto.

Em seguida Vee cai desacordada no chão e depois de instantes ainda paralisada Nora corre em direção a ela se ajoelhando ao seu lado.

–Vee, acorda, por favor... – ela se vira para Patch. -O que você fez com ela?

Ele não lhe responde e simplesmente vai até Vee e a pega com facilidade a colocando no sofá.

–O que você fez? – Nora volta a gritar desesperada, mas Patch nem a olha e apenas acaricia o rosto de Vee que prontamente abre os olhos.

–Meu Deus... – Nora ofega, mas rapidamente se aproxima da amiga.

–O que aconteceu? – Vee se senta no sofá atordoada.

–Como você está? – Nora segura na mão dela se lembrando de como há alguns instantes ela estava se contorcendo e de que uma coisa horrível saiu de dentro dela.

–Não sei, confusa... – Vee sacode a cabeça olhando assustada para Patch. -Não me lembro nem como cheguei até aqui, eu estava com o Seth, nós discutimos, eu decidi vir embora e... Não me lembro mais!

Nora não sabe o que falar, não quer mentir para ela, mas o que vai dizer? Para seu alívio Patch toma a frente...

–Você desmaiou, Seth te trouxe, mas não pôde ficar, pediu para você ligar depois para ele. – Patch fala tão calmamente que Vee acredita e Nora se espanta com a calma dele depois de tudo que tinha acontecido.

–Tudo bem... – Vee assente acreditando nele e se levanta calmamente. -Nora me ajuda a ir para o quarto? Preciso deitar, minha cabeça e meu corpo estão doendo muito.

–Claro, vamos lá. – Nora a leva até o quarto, mas antes olha furiosa para Patch, ele só devolve seu olhar calmamente.

–O que ele está fazendo aqui? – Vee pergunta se referindo ao Patch.

–Descanse, depois nós conversamos. – Nora pede, não tem condições de conversar com a amiga agora.

Vee está tão cansada e dolorida que só assente e se enrola nas cobertas adormecendo logo em seguida.

Nora suspira e volta para a sala pensando que Patch já foi embora afinal ele vive fugindo dela e de suas perguntas, mas ela se espanta ao vê-lo parado na pequena varanda a luz do luar.
–Patch. – ela sussurra se aproximando dele e parando ao seu lado, ele só a olha em silêncio. -Porque você inventou aquela mentira para a Vee? Ela vai ligar para o Seth e descobrir tudo.

–Não se preocupe, eu cuido disso. – ele responde simplesmente.

–Eu já sei de tudo... – ela fala de uma vez antes que ele vá embora. -Eu sei que você é um ceifador, por mais louco que isso possa parecer, só não entendo porque você está me protegendo sempre, e estou farta de tantos mistérios.

–Não posso te dizer nada. – Patch a olha intensamente e ela tenta desviar dos olhos dele que a prendem com tanta força.

–Então apenas diga sim ou não com um gesto de cabeça a minhas perguntas, pode ser? – ela pede como uma última tentativa e quando ele assente afirmativamente ela suspira e começa antes que ele mude de idéia.

–Você é mesmo um ceifador?
O coração dela acelera quando ele assente confirmando. Mesmo assustada ela continua...
–Foi você quem levou as almas do meu pai, da minha irmã e da minha mãe na hora da morte deles?
Novamente Patch assente confirmando, sem deixar de olhá-la nos olhos e Nora ofega.
–Você já tentou me matar?
Patch hesita e desvia o olhar por um segundo, mas depois volta a encará-la e assente... Ela suspira e sente os olhos marejarem.
–De todas às vezes? Desde o acidente de carro até a recente queda da escada?

Patch dessa vez não faz gesto nenhum e lhe da às costas pronto para ir embora o que a deixa enfurecida.

–Porque você está sempre me salvando? – Nora grita e ele para por segundos que parecem uma eternidade...
Ela poderia esperar por qualquer coisa, por qualquer resposta, ou por ele simplesmente ir embora como já tinha feito antes, mas ela não esperava pelo que veio a seguir... A resposta dele fez seu coração disparar e suas pernas tremeram...

–Porque eu me apaixonei por você, Anjo.














COMENTÁRIOS DO AUTOR:



Então como prometido postei os capítulos como um pedido de desculpas pelo abandono ao blog, mas estou pensando se posto ou não um trecho do próximo. Brinks, claro que irei postar afinal vocês merecem...rsrsrs


beijos e fique com os anjos e claro com o trecho que preparei para vocês.







 

Trecho do 11º capítulo


21 Anos Antes


Patch estava em uma enorme sala arredondada, de aspecto semelhante às salas de Parlamento dos humanos. As paredes eram feitas de pedra e o teto era tão alto que um humano normal não conseguiria ver o seu fim. Janelas eram escassas o que conferia uma luminosidade fraca à enorme sala.

Os Conselheiros se sentavam nas secretárias niveladas e unificadas que faziam lembrar as bancadas dos estádios das Universidades, vestidos com seus mantos negros com um chapéu que cobria seus rostos.
Na bancada central, bem no centro, um Conselheiro se destacava entre os outros. Era o Porta-voz.

–Essas serão as vossas novas listas. – Falou ao tempo que os Guardiões entregavam aos Anjos da Morte novas listas para eles. -Estamos bastante satisfeitos com todos vocês e queremos parabenizar os cinco Anjos que mais almas trouxeram com sucesso para o Purgatório e impediram os demônios de tomar posse. Rixon, Louis, Patch, Marie e Donna.

Patch recebeu congratulações de seus colegas e se sentiu contente por isso, mas estava mais focado em ler a sua lista. Ela era extensa e isso lhe agradava. Mas algo lhe chamou a atenção. Um nome, escrito a vermelho e sublinhado, sem uma data para morrer.

O Anjo estranhou. Nunca havia visto um nome escrito em outra cor que não o preto e muito menos sublinhado. Menos ainda sem uma data específica para a sua morte.

–Ei, parceiro, vamos festejar? Donna e Marie nos chamaram para sair. – Rixon o cumprimentou, passando seus braços pelos ombros do amigo e dando leves palmadas no seu ombro.

–Não entendo qual o vosso gosto de se misturar com os humanos. – Patch estreitou os olhos inconformado.

–Eu te explico. Tem o gosto de mostrar para os alfacinha dos Anjinhos da Guarda que nós podemos fazer tudo o que eles não podem! – Rixon falou animado.

–Céus, quando essa rixa entre os Anjos da Morte e os Anjos da Guarda vai terminar? Cada trabalho tem suas vantagens e desvantagens. Não precisamos esfregar isso na cara uns dos outros. – Patch tentou argumentar.

–Precisamos! E chega de sermão e vem logo!

–Patch! – A voz de um dos Conselheiros soou.

–E, vou indo, acho que querem um particular com você. Depois aparece lá! – Rixon insistiu se afastando do amigo.

–Chamou, Meritíssimo. – Patch se aproximou, se colocando sobre um joelho no chão e com uma mão no peito.

–Chamamos. Você já viu sua lista?

–Já sim. – Ele assentiu.

–E não notou nada de diferente.

–Era mesmo sobre isso que eu queria pedir um esclarecimento. Tem aqui uma tal de… - Patch tirou a lista do bolso e buscou pelo nome. –Nora Grey.

–Certo. Patch você sabe que é um dos melhores, senão o melhor, Anjo do nosso “departamento”. – O Conselheiro fez aspas com as mãos. –Além de ser um dos mais fieis. Foi por todas essas qualidades que nós escolhemos você para ser o encarregado de levar a alma dessa moça. Nora Grey é uma peça muito importante e se cair nas mãos erradas, temo que se possa tornar perigosa para a nossa existência.
E quando eu falo da nossa existência, não estou apenas me referindo a nós, ceifadores, mas a todos os Anjos.

...continua